Arquivo da tag: Deficiência visual

“Dá cores a quem o toca”

Quem estava sintonizado hoje na rádio senado (103.3 MHz) perto de meio dia, pode ouvir à palavra de um rapaz, que eu infelizmente não consegui pegar o nome completo, apenas Antonio, porque eu não estava escutando desde o início do programa. Entretanto, a parte em que consegui ouví-lo, pude receber de forma bem didática as informações que ele considerava importante falar a cerca do sistema Braille.

Como eu havia falando no post da caminhada em homengem a Louis Braille sobre a importancia, entretanto não me prolonguei muito querendo deixar somente registrado algo sobre esse meio de comunicação. Eu sempre achei genial a idéia que ele teve de criar combinações de 6 pontos com  instrumentos simples e que a partir disso ele literalmente conseguiu inserir o cego ao mundo dos “normais”. Tô para descobrir o que é normal.

O Antonio da rádio senado falou sobre o quanto o braille é desinteressante aos olhos de quem vê, justificando essa afirmativa com a provável falta de informação que existe em uma folha em branco e sem cores. Com felicidade completou o raciocínio dizendo que o braille pode não trazer cores convidativas ou traços de tinta, mas ele traz as cores a quem o toca. Falou de várias coisas. Tá dificil agora conseguir colocar uma ordem em tantas palavras que ele falou, mas uma delas que achei incrível, foi que ele fazia questão de ensinar braille a quem trabalhava com ele. Ele disse que não tem coisa mais agradável do que receber recados da secretária (que não é cega) em braille, a maravilhosa independencia de não precisar que ninguém leia algo para ele. Comentou também de uma ida ao supermercado na área de frios, onde ele estava procurando uma pizza. A pizza que ele pegou foi a que tinha a marca, o sabor, o peso e o produto escritos em braille. Podia não haver todas as informações de tinta em braille, mas ele comprou a pizza que justamente havia as informações básicas do produto e privou a compra dele para uma empresa que de alguma forma se importa com esse público consumidor.

Um mal exemplo estou eu aqui, querendo defender os direitos de acessibilidade a informação e tenho um blog no qual não é acessível ao público com deficiência visual. Prometo que tratarei de ver como eu poderei resolver este problema, mas por hora é isso que eu posso lhes oferecer.

Quando trabalhei em um projeto com mais 5 pessoas ensinando natação para deficiêntes visuais, eu fiquei pasma com a consciencia corporal e percepção de ambiente dessas pessoas. Era incrível como elas moravam tão longe de onde acontecia a aula e eles chegavam lá. Nas aulas de natação quando a gente falava o movimento e eles conseguiam visualizar e repetir o movimento. Não existe palavra que descreva a satisfação que eu tenho em trabalhar com esse público, eles são meus professores, essa é a grande verdade. É um aprendizado constante, uma desconstrução. A mesma coisa que acontece com quem acaba fatalmente adquirindo alguma deficiência, reviver, é o que eu passo constantemente. Aprendo novas maneiras de viver.

Eu sempre considerei a deficiência visual a deficiência que é mais prejudicada pelo difícil acesso às coisas mais básicas que um ser humano pode ter necessidade na vida moderna. Internet (que é o grande link do mundo inteiro), livros, jornais, preços, cardápios, contratos.. Eu cito tudo isso, mas é claro que existe, mas a escala é muito reduzida. Vocês sabiam que existe uma impressora que imprime em braille? Isso é uma máquina de escrever em braille e Isso é uma máquina que imprime em braille. Isso que é acessibilidade.. o preço disso tudo é que não deve ser tão acessível assim.. alguém tem idéia de valores?

Bom, eu poderia me prolongar muito falando sobre isso, mas eu to sentindo a necessidade de me poupar para novos posts. Eu indico vocês visitarem o site do Instituto Benjamin Contant. Lá é acessivel a qualquer um e quem conhecer alguém cego que queria ter livros didáticos para estudar, eles disponibilizam. Além deles, existe aqui na nossa cidade, o Instituto dos Cegos que procurando no Google dá para se orientar e saber as atividades que existem por lá. Infelizmente eu não achei o site deles, se é que eles têm. Quem souber, por favor avisar via comentário.

Deixo alguns vídeos de esportes praticados por cegos, mas vale ressaltar que existem diversas outras formas de estimular a sensibilidade dos cegos, seja com escultura em argila ou fabricação de potinhos feitos com rolinhos de jornal, trabalhos manuais em geral etc.

É só clicar nas palavras grifadas, que são links:

Futebol de 5,

Goalball,

Judô,

Esqui,

Natação

são alguns exemplos de esportes entre outros que dá para conferir no site do IPC ou do CPB, que tem no favoritos do blog. Essas pessoas consegue o que muita gente não acredita ser possível.

Camila

PS aleatório:

Quem ainda não assistiu o filme “O livro de Eli”, vale a pena. Se conferir vai poder entender porque a abordagem dele aqui no blog. Recomendo!