De volta depois da hibernação

Oi, gente, muito bem! Depois de um bom tempo sem postar no blog, estou aqui novamente para dar notícias.

Eu não tenho nem como descrever o congresso. Ele foi incrível! Foi muito bem organizado e trouxe pessoas muito boas para ministrar os minicursos e dar as palestras. Eu fiz o minicurso de goalball e devo dizer que foi sensacional! Eu mesmo já conhecia o esporte, por conta da disciplina e do Festival de Atividades Desportivas que a gente da disciplina de esportes paraolímpicos fez lá na UFC. A resposta dos participantes que tiveram contato com esse esporte foi muito boa, porque é realmente desafiador jogar um esporte completamente desconhecido por nós (por ser um esporte específico para pessoas com deficiência visual) além do desafio maior que é os olhos estarem vendados.

O Marcio Pereira Morato é o técnico da seleção brasileira de goalball e foi ele quem deu o minicurso. Para quem não conhece o esporte eu vou dar uma breve explicação sobre ele:

Ele é um esporte que foi criado em 1946 para ser jogado por pessoas cegas, com o objetivo que ajudar na reabilitação de veteranos de guerra que tinham ficado cegos depois da segunda guerra mundial.  Hanz Lorenzen, austríaco e Sepp Reindle, alemão são os criadores deste esporte e a Federação Internacional de Desportos para cegos é a entidade que responde por ele. A configuração do jogo é a seguinte: são três jogadores de cada lado da quadra, esta que tem a mesma área de uma quadra de vôlei. Ao fundo de cada lado da quadra tem uma enorme trave que ocupa todo a largura da quadra assim: ilustração que mostra a quadra de goalball

O objetivo do jogo é fazer gol na equipe adversária, utilizando a bola, que assim como o esporte, é uma bola especialmente para jogar esse jogo, que é bem dura, pesada e tem guizos para servir de referencia para os jogadores, obviamente.

A quadra é toda dividida em zonas que são sinalizadas por um barbante e fita para ficar alto-relevo e assim os jogadores poderem ter noção de posicionamento dentro de quadra. Existem várias referências na zona de defesa, que é a zona mais próxima na quadra, onde os jogadores defendem a bola lançada pelo time adversário. Essas sinalizações ajudam absurdamente em estratégias de defesa e até para a própria segurança, já que pode acontecer de eles se chocarem.

Logo depois da zona da defesa, tem a zona de ataque, que é a zona em que o jogador pode atacar e a zona em que a bola tem que ter o primeiro contato com o chão quando arremessada, caso isso não aconteça, é considerado penalidade. E a outra zona é a neutra, que não tem nenhuma função específica, mas ela serve de demarcação limite para a área das equipes, não sendo permitido que por exemplo, se a bola bater no jogador e escapar, o jogador/equipe só podem ir buscar até a sua zona neutra, não podendo passar para a zona neutra da outra equipe. Detalhe, para fazer o arremesso ou lançamento, o jogador deve estar na zona de ataque, então ele deve voltar e arremessar de lá. Outro detalhe, depois que a bola toca na defesa (depois de um lançamento da equipe adversária) os jogadores só têm 10 segundos para arremessar.

Bom, se eu for começar a falar todos os ‘pode’ e ‘não pode’ vai parecer que é um jogo que não flui e que é chato, mas eu fico arrepiada com as jogadas que eu vejo, com as estratégias, com o posicionamento, força enfim, os jogadores de alto nível hoje tão muito incríveis. Eu deixo para vocês conferirem um vídeo de um jogo. Eis:

Dá para perceber a velocidade da bola? Pois é, soma a velocidade mais o peso dela, dá uma resultante que dói quando pega, e que quando é defendida, é muita força que os jogadores utilizam para barrar. Todos os comandos do jogo são ditos em inglês, pois assim como o cartão no futebol serve para facilitar e universalizar a comunicação no jogo, o inglês tem essa mesma função. Durante o jogo, deve ser feito silêncio pela plateia, mas isso não impede de que jogadas sejam comemoradas e vibradas, como a gente pode conferir no vídeo.

É um jogo bem rigoroso, mas para uma pessoa que é cega adquirir as habilidades que ele exige, faz com que qualquer um se sinta preparado para “jogar” as situações que a vida impõe.

É bom estar de volta!!

Camila


Uma resposta para “De volta depois da hibernação

  • Luiza Bezerra

    Muito bom Camila! Eu também adorei ter conhecido esse esporte tão impressionante e desafiador! Muito bom saber que você está se dedicando em sua profissão, te admiro querida!

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